terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Mofo deu

É maravilhoso estar tão perto do mar, mas tem horas que meu calanguismo sofre com essa umidade toda.
Já me acusaram de tentar forjar uma identidade neocandanga com minha defesa exacerbada das benesses da seca centro-planaltina. Também já fui chamado de polemista por me recusar a entrar no coro dos que lamentam a estiagem no cerrado. Não nego nenhuma das malsinações. Forjar identidades e polemizar são atividades que caminham de mãos dadas e sempre me aprazeram. Não voltarei a enumerar os argumentos de minha defesa da seca urbana - já sofri toda sorte de achincalhamento por isso -, mas devo dizer que os novos ares só reforçam meu afeto pelo 'antilúvio' brasiliense. Desta vez, em minha defesa, valer-me-ei do clichê de que há imagens que valem por mil palavras (embora acredite que deveria haver, em tão antiga conversão de câmbio fixo, reajuste em favor dos vocábulos, em tempos de tamanha abundância na oferta pictórica).

3 comentários:

  1. Inacreditável, Pedro! Eu também sempre fui defensora da nossa seca, e sempre achei exageradas as reclamações.
    Eu só me lembro que vivo em uma "cidade de praia" (e bota aspas aí), ou em uma cidade na qual existem praias, quando minhas jóias da feira da torre desaparecem em ferrugem. Que poder maligno e silencioso tem essa umidade!
    Beijos!

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  2. Ju e Pedro: somos três.

    Essa conversa eu já tive com o Pedro, em um terraço no Sudoeste. Mas preciso me manifestar outra vez, porque estamos em pleno dilúvio:

    - Odeio a barra da calça molhada
    - Odeio a pista escorregadia e os acidentes de trânsito
    - Odeio não poder tomar uma cervejinha ao ar livre
    - Odeio não poder curtir "festinhas ao ar livre"
    - Odeio não contar com a presença do pôr-do-Sol lindo de Brasília, que fica escondido atrás das nuvens
    - Odeio meu cabelo, que incha
    - Odeio o vidro do carro embaçado
    - Odeio a melancolia que sinto quando olho pra janela e vejo tudo cinza.
    - Odeio não poder frequentar a Água Mineral, as cachoeiras e o Lago Paranoá
    - Odeio ter que ir do minhocão para a BCE de carro

    enfim........vou parar.......

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  3. pois eu até gosto do purulento. aprendi com meu conterrâneo Augusto (o dos Anjos): há mais vida num lago de lodo do que naquele de águas cristalinas. Pra mim conviver com a sensação de virar adesivo e com o bigodinho de suor é mole. Difícil é essa tarefa de evaporar. Sublimação.

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